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  • Foto do escritorCris Campos

Solidão que Preenche

A solidão é um sentimento perene que aparece em registros muito antigos, é um desafio que muitas vezes nos incomoda por conter nela mesma a maior pergunta de toda a nossa existência: Quem sou eu?



No Antigo Testamento, Deus diz para Adão que não é bom que o homem esteja só. Já a partir dessa fala, percebemos que o ser humano não foi criado para estar só e que dependemos uns dos outros do momento em que nascemos até a nossa morte, quando precisaremos de alguém para preparar o nosso sepultamento ou cremação. É na comparação com o outro, nos parâmetros estabelecidos que passamos a trabalhar em nós muitas questões ao longo da nossa existência. O nosso Eu se forma lentamente a partir do contato com os outros e somos moldados pela convivência.


Mas... o que nos assusta na solidão? Será que conseguimos trabalhar bem com a nossa solidão? Do que você realmente gosta quando ninguém está te observando? Do que você tem medo? Quais são os fantasmas que te rodeiam quando você está sozinho/sozinha?


Carregamos nossos medos, angústias e dramas para a nossa solidão, mas é preciso que haja equilíbrio para que os momentos de solidão se tornem produtivos e reverberem positivamente nos momentos de encontro com os outros.


Quando lemos um livro, estamos diante de um gesto solitário, mas não com menos trocas, pois temos ali uma companhia extraordinária.


Em momentos de meditação, entramos em contato com a nossa consciência plena e, sozinhos, passamos a ter mais clareza de como agir quando estivermos na presença de outras pessoas.


Na companhia de uma boa música e de uma taça/copo de qualquer bebida que apreciamos, podemos entrar em contato com a nossa intimidade, nossa individualidade e podemos ter insights fantásticos para o nosso autoconhecimento.


Nesses momentos, transformamos a solidão em solitude. Nesses momentos crescemos enquanto seres humanos, transformando as nossas angústias em reflexões, sentindo-nos cada vez mais imperfeitos, porém em busca de adaptações para que alcancemos objetivos que tragam um verdadeiro sentido à nossa existência.


Quando nos harmonizamos com o nosso Eu, a convivência com os outros se torna mais produtiva, mais consciente, mais inteira e prazerosa pela coerência e consciência interna adquiridas nos momentos em que estamos sós.


Nós humanos somos muito frágeis e só nos tornamos fortes quando temos a capacidade de compartilhar tarefas com outras pessoas. Por isso precisamos uns dos outros, cada um com suas habilidades para somar e fazer a diferença no todo. Ninguém sabe tudo e vivemos sempre em um agrupamento de saberes isolados buscando a complementação do grupo. Esse é um jogo extraordinário que deve ser praticado no sentido de que sejamos nós mesmos quando estamos sós ou quando estamos na presença de outras pessoas. Quanto mais a solidão é exercitada de forma consciente, mais força e espaço fornecemos a nós mesmos para que sejamos aquilo que queremos ver no mundo quando estamos em grupo.


Exercitar o lado criativo e libertador do isolamento, viver as pausas, o pensar por si só, saber que também precisamos de nós mesmos, faz com que esse mergulho no próprio ser se torne cada vez mais necessário.


Estar sozinho e feliz em uma mesa de restaurante, ou caminhando em um parque ou ainda estar só em um sábado à noite lendo um livro e pensando na vida com reflexões produtivas e contentamento, é sinal de que você encontrou o lado mais libertador e sublime da vida e está apto a conviver plenamente com os outros pois já convive consigo mesmo.


Esse é o segredo: Conviver harmoniosamente conosco para nos lançarmos ao mundo na nossa melhor versão. Se você não consegue suportar a si mesmo na sua presença, quem irá te aguentar? Pense nisso!


Por Cris Campos, inspirado no livro: “O Dilema do Porco Espinho”.

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