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  • Foto do escritorCris Campos

Por que sofremos?

Durante toda a nossa vida, buscamos gratificações como formas de nos afastar do sofrimento, porém, nem sempre as nossas expectativas são correspondidas, pois não há como evitá-lo.

Imagem: Reprodução/Freepik

O sofrimento é parte integrante da nossa existência, mostrando na maioria das vezes, apenas sua face de abatimento e desesperança, que nos traz a impressão de impotência e imobilidade.


Quando estamos passando por situações de sofrimento, sempre há quem diga que devemos tirar dali um aprendizado e o que acontece na maioria das vezes é que mal se consegue vislumbrar uma saída, quanto mais uma resposta ou aprendizado e sucumbimos ao sofrimento.


Sofremos de dor, de amor, de rejeição, de carência. Sofremos por não ter escolhas e por ter escolhas demais a serem feitas. Sofremos de solidão e por não termos a oportunidade de ficar sozinhos; sofremos por dinheiro, por medo, por medo da morte, tanto de morrer como de ver os outros morrerem, por medo de viver uma vida sem propósito... Sofremos por doenças que muitas vezes são geradas pelo próprio sofrimento e assim seguimos sofrendo e sofrendo...


Atribuímos significados aos acontecimentos que resultam em maior fonte de sofrimento que o fato em si. Diferentes pessoas reagem de maneiras diferentes ao mesmo fato por significá-lo de maneiras diferentes.


Inúmeras pesquisas na área da Psicologia e Neurociência demonstram que o ser humano é o único animal capaz de dar sentido às suas experiências de sofrimento. Quando nos identificamos com o sofrimento, passamos a vivê-lo como realidade cotidiana. Nesse ponto, somos o sofrimento e isso nos impede o contato com o nosso próprio ser, nos afasta de nós mesmos e criamos uma barreira que impede o movimento, o crescimento e nos faz adoecer. Podemos chegar a perder o contato com a realidade externa, tamanho o peso que paira sobre nossas cabeças. Paramos de produzir, de conviver, de desempenhar os papéis a nós atribuídos e por nós conquistados. Na ânsia de não sofrer, sofremos mais e causamos sofrimentos a todos ao redor. Este é o sofrimento considerado patológico, que é tratado em consultórios e muitas vezes é preciso fazer uso de medicamentos para que haja uma reorganização interna e o trabalho de autoconhecimento possa ser retomado.

Imagem: Reprodução/O Tempo

O psicólogo lida diariamente com o sofrimento humano e o de si mesmo. A visão de humanidade e de mundo, assim como o sofrimento nos acompanham todos os dias durante as horas em que estamos trabalhando no consultório em contato com nossos clientes e, se enquanto psicólogos e seres humanos que somos não formos capazes de nos conectar com o sofrimento do outro e acolhê-lo com toda nossa presença, não temos como acreditar no que fazemos e não obteremos resultado algum por mais técnica que tenhamos como instrumento de trabalho.


Ter um olhar empático e compassivo para aquele que sofre é quase uma utopia, pois o sofrimento alheio muitas vezes nos desperta para o nosso sofrimento que, se não tivermos bastante cuidado nos fará tomar distância, taxar e analisar para que nos sintamos minimamente protegidos.


Nenhuma teoria ou estatística nos fala mais do que o ser humano único e especial que está ali, sofrendo na nossa frente, pois por trás do sofrimento sempre há um ser humano que podemos enxergar, segurar pela mão e dizer: Vem comigo e traga a sabedoria que existe em você e todo o seu valor para o mundo.


Falando assim parece fácil, mas não é, pois, pegar pela mão e dizer “vem comigo”, exige que eu me conheça e que faça constantemente essa viagem para dentro de mim para que os meus sentimentos, medos e desejos não se confundam com os da outra pessoa e não me amedrontem e nem me impeçam de estar inteira com ela.


A responsabilidade é grande, o desafio também. Conhecer o próprio sofrimento e o sofrimento do outro não é tarefa fácil. Reconhecer e aceitar os limites do outro e os próprios é ainda mais difícil.


Cabe então a nós, como profissionais, vermos que o sofrimento pode ser o caminho, mas não é o fim. O olhar do psicólogo não pode ser apenas sobre a dor das dificuldades, mas o que o sofrimento fala daquele que sofre, quais os potenciais escondidos por ele, o que ele pede e o que é possível fazer para atender a esse pedido.

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